Deixa eu contar para vocês que eu vim passar uma semana no Rio de Janeiro em um projeto de intercâmbio cultural para conhecer melhor o trabalho dos atores de televisão. Isso, portanto, incluiu passeios ao Projac com direito a fazer figuração em novela.
Eu amo Boogie Oogie. Gosto bastante de Império. Assisto às duas sem perder um capitulozinho sequer – obviamente não dou conta de assistir pela televisão. Vejo no celular, mais tarde, sem propagandas e ó, é uma maravilha. Mas enfim, foquem no detalhe de que eu assisto Boogie Oogie e Império e claramente fui escalada para participar da gravação de… Alto Atral. Eu nunca assisti Alto Astral na minha vida.
Depois de passar vergonha na porta de um dos estúdios sorrindo feito uma idiota para o Caio Blat, vi entrar uma atriz de cabelos curtinhos e óculos escuros que eu não fazia a menor ideia de quem era. De Alto Astral, claro. Quando chamaram os figurantes para subir, o cabelereiro do elenco achou prudente mandar pentearem meu cabelo de novo – e eu acabei perdida na sala de cabelo dos atores, que estava vazia de gente conhecida a não ser pela tal da moça que tinha passado aquela hora lá embaixo. O cabelo curto agora estava cheio de grampos, escondido embaixo de uma touca preta enquanto ela lia texto.
Em 5 minutos deram um jeito no meu cabelo e eu rapidamente saí de lá. Andando dentro do projac sendo alguém de nenhuma importância você aprende que é melhor não olhar para os lados. Acho que se entrar lá de novo, levo um cabresto. Olhar para o lado só faz sofrer: ai de ti se um fiscal te pega pedindo pra tirar foto com um ator. É praticamente um crime de pena máxima. Esbarrei com Rodrigo Simas e levei um susto tão grande que enquanto ele arregalava o olho pra mim eu bati cabelo e fiz a fina: desfilei pelo corredor com jeito de “nem ligo” enquanto só conseguia pensar que cacete eu esbarrei no Rodrigo Simas e ele tava com roupa de Boogie Oogie, tava indo gravar, Jesus.
Entrei no estúdio e fiquei ali, com cara de encantada, sem saber o que olhava primeiro. Juro que os cenários são coisas de louco, nunca mais vou conseguir ver novela da mesma forma – não que não fossem como eu imaginava, mas imaginar é diferente de ter certeza.
Enquanto eu babava no que via à minha volta, os atores das cinco cenas que seriam gravadas começaram a entrar. Gente, a Giovanna Lancelotti é ainda mais bonita pessoalmente. Ela e o Leopoldo Pacheco começaram a ensaiar a cena deles e nisso entra, feliz da vida, de peruca, óculos fundo de garrafa e super simpática, a tal da atriz-de-cabelo-curto-e-óculos-escuros lá do começo.
Olhou pro nosso grupo e disse: “oi gente, boa tarde” e eu disse: “oi!”. Assisti às cenas dela e dei boas risadas. “Essa mulher é boa”, pensei. Ao fim da gravação, como ela tinha sido simpática no início, uma de minhas colegas achou que seria ok cutucá-la no ombro e dizer: “Mônica, você é incrível, eu amo muito o seu trabalho!”. Eu estava logo atrás e vi a tal da Mônica Who sorrir de verdade, agradecer à minha colega e dar um abraço simpático nela. “Gente, que fofa, que simpática”, – pensei, mas segui a fundo na minha política de não tietar quem eu não faço ideia de quem é. A proximidade facilita muito a ideia de ser poser, mas até que foi tranquilo evitar. A tal da Mônica Who era engraçada mesmo, pela cena que vi. Se assistisse à novela, saberia que ela era boa mesmo e quem sabe me daria o direito de elogiar e dar um abraço também (?). Mas não fazia ideia de quem ela era. Nem sobrenome a tal da menina tinha até então. E era melhor que continuasse não tendo.
Pausa. No caminho até a saída, depois do fim das gravações, passamos pela Bianca Bin, vestida de Vitória, com um texto na mão, sendo transportada para a cidade cenográfica em um daqueles carrinhos de golfe. Não consigo esquecer esse segundo desde então. Foi duro sair pela portinha dos figurantes morrendo de vontade estar no lugar dela. Não ao invés dela, claro. Mas ali também. Despausa.
Mais tarde, no hotel, fomos compartilhar as experiências com os que tinham gravado outras coisas, até que a Bia, a colega que abraçou a Mônica mais cedo, foi contar a história de novo e comentou, pela primeira vez, que não conseguia lembrar o sobrenome. Até então eu já estava quase pensando que a pobre da moça era Mônica e apenas isso, porque a possibilidade de um sobrenome sequer havia sido citada até então. E tudo estaria melhor assim, eu estaria de consciência e alma limpas por não ter aproveitado a oportunidade e elogiar e abraçar a tal da Mônica que eu não sabia quem era, mas aí uma outra colega disse, serenamente: “Iozzi, o sobrenome. Mônica Iozzi”.
Mônica Iozzi. MÔNICA IOZZI. Claro. Era ela. De peruca, de óculos fundo de garrafa, tinha tempo que eu não via, mas ERA ELA. Eu nunca vi Alto Atral, eu nem sabia que a Mônica Iozzi tinha virado atriz na globo, mas eu era fãzoca dela no CQC. Se alguém me perguntasse que jornalista de televisão eu sonhava em ser, eu nunca responderia Fátima Bernardes. Responderia Mônica Iozzi. Sempre achei que essa mulher era fantástica. E passei pelo menos 2 horas no mesmo estúdio que ela. Com ela na minha frente. Me cumprimentando simpática. Vendo minha colega elogiá-la e abraçá-la sem ter aproveitado a chance.
Deslizei na cadeira do restaurante quando ouvi o sobrenome anteriormente desconhecido. Fui parar quase no chão. Iozzi. Era Mônica Iozzi. Era Mônica Iozzi o tempo todinho. E eu não fazia a menor ideia de que estava “cara-a-cara com um ídolo”. Muito prazer, meu nome é Ana Luísa Bussular Marques e eu como moscas desde 1992.