Que eu adoro um debate existencialista (mesmo que ele seja travado apenas comigo mesma) não é novidade pra ninguém. Que eu sou tiete de John Green, logicamente também não é novidade, porque as duas coisas se entrelaçam lindamente. E dessa vez eu não vou falar de A Culpa é das Estrelas. Eu vou falar de Cidades de Papel.
Mas não vim fazer uma resenha, nem vim explicar o porque de ter dado 3 estrelas pra esse livro, porque nem eu me lembro mais desse porquê. Também não vim falar que odiei a Margo porque achei a mocinha deveras hipócrita. Eu só vim dramatizar existencialmente mais uma vez.
Isso porque a fórmula geral da questão existencial de Green nesse livro consiste, basicamente, em decretar que as pessoas não são de papel, e que insistimos em enxergá-las como se o fossem. Mas não são. Enxergamos pessoas planas, e elas são tridimensionais. É quase aquela coisa sobre a qual já tentei confabular aqui: O que vemos são citações das pessoas; parte delas; a cobertura do bolo.
E enxergamos só a cobertura porque as pessoas tem recheio demais. E eu andei pensando muito sobre tudo isso depois de ouvir uma amiga falando que muitos de nossos outros amigos tinham uma conclusão sobre uma outra pessoa X. Conclusão essa com a qual não sei se concordo. E fiquei pensando que era uma conclusão meio séria a ser tomada sobre uma pessoa, sendo que só ela mesma pode afirmar algo desse nível sobre sua psique. Não martelei sobre o assunto. Apenas pensei.
Não muitos dias depois, uma outra pessoa soltou numa mesa de aniversário uma conclusão sobre mim, sobre a qual fiquei queimando miolos durante mais algumas horas. Nada sério, mas algo que me fez pensar que é engraçado. Porque as pessoas tentam desvendar nosso alfabeto, leem, sei lá, até D, e saem concluindo E, F e G. E na frente dos outros.
Não que tenhamos que nos preocupar e viver se baseando no que os outros pensam da gente. E longe de mim ser hipócrita o suficiente para dizer que não concluo superficialmente dados sobre as outras pessoas. Mas é que andei pensando nisso. E andei pensando que isso é bem pouco ortodoxo, e inclusive beira o cômico. No fim das contas, não somos ninguém para concluir as mil dimensões presentes no âmago de outro ser humano. Mal conseguimos desvendar todas as dimensões cravadas em nós mesmos, acho eu, se querem saber.