Porque a Anna Vitória me apareceu com esse post, e eu, que já tinha certeza que precisava escrever alguma coisa, me senti ainda mais na obrigação de. Porque em meio aos jogos olímpicos, eu viro um ser completamente diferente do meu normal.
Como a Anna mesmo disse no post dela, eu sou daquelas que fica falando de esporte no twitter o dia todo, que narra o jogo inteiro, me metendo à besta. Sou eu que ligo a TV despretensiosamente e de repente entendo tudo de badminton, sem nunca ter assistido uma partida na minha vida. Sou eu que viro madrugada pra ver ginástica olímpica, e acabo ajoelhada na cama chorando. Sim. Essa é a minha mais recente descoberta.
Eu. Eu, que dificilmente choro com filmes, livros e novelas, descobri o meu lado manteiga derretida: As olimpíadas. Deve ser pelo menos motivo que o Amazing Spider Man me detonou de jeito: Humanos.
Eu vejo uma final, e vou chorar. Vou chorar se o Brasil perder, ou se ganhar. Assisto um vôlei e prendo a respiração se chegarmos a um Tie-Brake. Me arrepio assistindo uma competição de natação de 50m, porque é tudo muito rápido e antes de eu descobrir quem é quem já acabou. Agora. Quando chega a tal da ginástica artística eu saio completamente do prumo
Primeiro porque aquilo ali era o sonho da minha vida, e eu daria muita coisa para estar no lugar delas, mesmo com pescoções, mãos enormes e esquisitas, e um tamanho de anãozinho que não é muito diferente do meu. Eu acho que em outra vida eu devo ter sido ginasta, porque eu amo aquilo além do que eu possa explicar. Como as brasileiras não sobraram vivas pra nenhuma final, eu fui assistir pra ver o show mesmo. Porque as americanas fazem aquilo TÃO bem, que eu choro enquanto assisto, porque acho lindo demais pra ser verdade. E aí quando elas ganharam a final por equipes eu chorei junto com elas, pela alegria delas, pelos abraços, pela sensação de ter 17 anos e ter uma medalha de ouro pendurada no pescoço. E chorei também com as russas, que ficaram com a segunda posição. Chorei com a Victoria Komova, que fez besteira na hora de descer da trave. Chorei com olhar da menininha, que, mesmo com 16/17, parece que tem 14/15.
Ontem foi a final individual geral, e eu tinha certeza que só ia dar americana. Pausa para xingar o Cielo que acabou de ficar com bronze aqui. Acontece que a Alexandra começou a fazer bobeira, e a competição ficou entre Gabrielle e Victoria. E foi extremamente pau-a-pau. Victoria fez uma prova nas paralelas que não tinha ninguém pra bater. Chorei quando ela desceu de lá realizada. Chorei quando ela abraçou a técnica. Fomos para a trave, e foi a vez de Gabrielle, que brilhou muito. Chorei com a Alyia que caiu da trave, e chorei com Victoria porque a nota dela foi menor que a de Gabrielle. E então elas foram para o solo. Gabrielle fez um solo lindo, mas Victoria brilhou ainda mais. Chorei de orgulho da menininha, porque a apresentação dela foi impecável.
Victoria e Alyia (russas) esperando a última nota
A nota dela foi maior, mas ainda assim, no quadro geral, ela ficou atrás de Gabrielle. E então eu chorei lágrimas de sangue pela minha russa queridinha, porque pra mim o ouro tinha que ser dela. Ameacei um ódio de Gabrielle, mas aí ela subiu sorrindo tanto em cima do tablado para comemorar, que eu chorei de emoção com ela também. E imaginei a sensação de ter 17 anos e colocar uma medalha de ouro olímpica no pescoço.
Stalker profissional que sou, achei a equipe americana inteira no twitter e estou seguindo todas elas. Chorei quando vi que Jorgin Wieber, a melhor do mundo, que também de 17 anos, quase desmaiou de emoção ao ver que Justin Bieber começou a seguí-la. Ah, gente, chorei! Chorei porque elas estavam lá, dando show, ganhando tudo, levantando medalhas pelo país, e mesmo assim, são crianças! São crianças que morrem de emoção ao ver Justin Bieber as seguindo no twitter! Mal sabem elas que, pra muita gente nessa vida, elas são muito, muito mais importantes.
Se um dia o Brasil chegar aí, eu acho que fico chorando 15 dias
P.S.: Anna, como você pode notar, meu futuro no jornalismo esportivo também é extremamente promissor: Inevitavelmente estarei dando a notícia em meio às lágrimas.