Anna, flor, lembro da primeira vez que fui com você ao parquinho do restaurante. Você tinha uns 10/11 meses, eu mal terminei de almoçar e já fui toda orgulhosa levar minha boneca pra brincar no parquinho. Você sentou na piscina de bolinha, na casinha, na cama elástica, e como andou aos 9 meses, aos 11 já se sentia a própria maratonista, e corria no meio dos brinquedos e das crianças maiores, enquanto eu corria doida atrás de você, colocando a mão em todas as possíveis pontas, e tomando cuidado com as crianças tão grandes de 5 anos que poderiam te atropelar. Todo mundo falava que você era linda e me perguntava o seu nome, e eu respondia toda feliz. Meu assunto preferido sempre foi você.
Desde então, sempre que vamos a esse restaurante, eu já vou preparada pra almoçar rapidinho, levantar da mesa e ir brincar com você. Um pouco mais novinha, você já foi ficando mais esperta, claro. Mal sentava na mesa, já olhava pra mim e falava: “Parquinho, Lu”. Eu nunca resistia aos seus encantos. Comia 3 garfadas do meu almoço e corria levar você pro teu pequeno paraíso.
Domingo fomos lá de novo. Eu cheguei antes e fiquei esperando vocês na grade do restaurante, feito uma criança esperando o papai Noel. Aí vocês duas chegaram, lindas, loiras e encantadoras, como sempre. Tia Amélia veio antes com a Nina no colo, e eu rapidamente raptei. Ela estava uma coisa de polaca, com um vestidinho xadrez de branco com vermelho e uma faixinha na cabeça, e foi só dela que eu consegui tirar foto, porque ela ainda não tem capacidade de fugir da câmera:
Pois logo chegou você, saltitando, com vestidinho rosa e lacinho rosa no cabelo. Eu estava amassando a Marina ainda, e você virou toda dengosa e sussurrou no ouvido da sua mãe: “Eu quero ir no colo da Lu”, já preparando o biquinho. Coitadinha da Marina, acho que nunca vou conseguir amassá-la o suficiente. Na hora já entreguei a pequena pra poder me fartar com você, que logo avisou: “Lu, sabe quem vai no parquinho com a gente hoje? O Gu!”. Gu, meu priminho Lord de quase 6 anos, uma das crianças mais educadinhas que já conheci, mas que eu vejo menos que as meninas. Ele é seu ídolo, né, flor? Você estava super empolgada com a futura presença do Gu no parquinho. Coisa linda.
Ainda estávamos na fila de espera do restaurante, garçons correndo pra lá e pra cá e aquele cheiro de comida que só Deus. Comentei: “Nossa Anninha, estou com fome!”. Você disse que também estava e fomos sentar no sofá com o resto da família. Não deu 10 segundos e você falou com sua mãe: “Mamãe, eu e a Lu estamos com fome, viu?”. Deus o livre passarmos fome, né, amor? Tem que contar pra todo mundo mesmo.
Te levei no parquinho enquanto ainda não tínhamos mesa, e logo depois, voltamos para almoçar. O Gu chegou, todo lindo e elegante, com óculos estilo ray-ban pendurado na camisa. Quase morro com esse menino, que eu não via desde o ano passado. Me abraçou forte e disse que estava com saudade. Quase roubei o bichinho pra mim. Almocei enquanto o Gustavo comia quietinho de garfo e faca, e fazíamos malabarismos pra você comer, do tipo de ter que colocar queijo ralado em cada colherada, pedir pra ver a bocona do leão, ou mesmo a sacada ótima do teu pai, que ensinou que o gnhocci tinha esse nome, porque na hora de comer a gente tinha que gritar: NHOC!
Pratos limpos e impaciências à parte, finalmente fomos para o parquinho. Eu, você e Gustavo, que a Nina ainda é pequena e estava no décimo sono. E então a mesma menina que aos 11 meses já saía correndo no parquinho, de repente subiu a escadinha de uma vez só e estava no alto da casinha de madeira, enquanto eu, morrendo de medo de você despencar de lá, ficava olhando por baixo e falando: “Vai pelo escorregador, Anna, vai!”. E não só você desceu rapidinho como depois já queria subir de pé, mas isso ainda é demais pro meu coração. Daqui a 2 anos eu deixo.
Mas você estava lá, tão desenvolta e linda, vestida de cor-de-rosa, que eu parei pra pensar que, meu Deus, você cresceu debaixo do meu nariz! Não muitos minutos depois, o Gu achou uma amiguinha da escola, que puxava ele pra tudo quanto era lado, te deixando bem magoada de ciúmes, e aí, você sentou no meu colo, fez o maior bico de sofrimento, e disse que queria brincar com o Gu. Tadinha. Tão novinha e já aprendendo o quanto essas coisas machucam. Confesso que fiquei com vontade de roubar o Gu só pra você e dar um sumiço na coleguinha espevitada. Pronto, falei.
Mágoas a parte, ainda voltei pra mesa pra tomar meu morango com chantilly. Logo depois a Nina acordou e eu aproveitei pra dar altos cheiros nela, até que você voltou, pediu meu colo de novo, mas a gente conseguiu te convencer de que a Nina também sente saudade da Lu.
E depois do almoço fomos todo mundo pra casa dos seus avós. E teve uma hora que eu deitei no divã com a Marina sentada em cima da minha barriga, o Gustavo de um lado, e você do outro, os dois adulando a pequenininha, e eu ali, no meio dos 3. Um daqueles momentos que a gente quer pausar pra viver por um bom tempo…
Gustavo, Anna Beatriz, Marina. Vocês são o meu maior presente.