quarta-feira, 29 de junho de 2011

Suspiros

Começo esse post assim. Suspirando. É um suspiro tão ambíguo. Tem aquele lado dele que mostra alívio. Alívio de ter cumprido um dever. Um dever delicioso, que acho que posso dizer que sim, foi muito bem cumprido por nós todos. O outro lado do suspiro, claro, é o de saudade. Uma saudade boa. Que eu sei que vai bater aqui na minha porta por um bom tempo.

Tentando seguir uma cronologia, na quarta-feira ganhamos as galharufas. Na quinta feira chegamos animados para um ensaio geral: Finalmente pisaríamos no palco. Carregamos tijolos, vestimos figurino, prendemos a lona da foto pela primeira vez. A Airen chegou correndo, às 20h30min da noite. Ela tinha marcado conosco às 19h, mas foi banca de uma outra turma, e a banca deles simplesmente não acabava nunca. Quando ela finalmente foi liberada, chegou correndo no teatro e gritando: Voltei pra vocês, amores!

Do jeito que ela entrou, terminou de olhar o cenário e disse: Ensaiem. E ensaiamos. Terminamos de ensaiar, todos pimpões, e então a Si, outra professora, que estava nos assistindo, disse simplesmente que estava faltando verdade. Disse que tinhamos um texto maravilhoso em mãos e não estávamos emocionando ninguém, porque não estávamos vendo aquilo que estávamos fazendo. Sentiu o balde de água fria no meio da cara? Nós sentimos.

Eu e a Bruna, que somos as rainhas do drama, entramos no camarim a ponto de cortar os pulsos, mas aí, é claro, Airen existe. Ela nos disse um monte de coisas, frisando o fato de que aquele era um ensaio técnico, e que não tínhamos nos aquecido psicologicamente. Ela falou, nos abraçou, beijou minha galharufa e disse: “Durma bem, minha flor. Até amanhã.”

Você dormiu? Eu não. Fiquei até as 3h da manhã procurando a porcaria da verdade. No outro dia, tínhamos marcado de nos encontrar no Cena Hum às 18h. Deu 16h e eu estava andando de um lado pro outro dentro de casa. Desisti. Me enfiei de cabeça no chuveiro, taquei figurino dentro da bolsa e me mandei pra escola. Cheguei lá dizendo que não tinha aguentado ficar em casa, quando vi que metade da minha turma tinha pensado o mesmo. A Airen tinha acabado de entrar na sala, e nos deu uma verdadeira aula de 1h sobre como o ensaio tinha sido técnico. Disse que já tínhamos achado a verdade há muito tempo, que ela tinha acompanhado tudo nos ensaios, e que não era hora de se desesperar. Depois das lindas palavras, começamos a nos arrumar, arrumamos cenário, nos abraçamos, pulamos no palco, sentimos as vibrações boas. No nosso cenário, tinham véus brancos esticados. Ainda não sabíamos a ideia da Airen em relação a eles. Depois de nos aquecermos e fazermos tudo o mais a que tínhamos direito, ela andou no palco até o véu central e disse: “Podem ocupar os lugares de vocês no palco, amados. Mas antes, inaugurem o cenário de vocês.” E então ela fez um rasgo no véu.

Essa foi a senha para nós 13 corrermos loucamente em direção aos véus e começarmos a rasgá-los loucamente. Quando nos sentíamos prontos, íamos sentando. Ela gritou um MERDA bem alto, entrou na cabine de direção, e mandou que abrissem as portas. Aí a magia aconteceu.

Não existiam mais a Ana, a Eloíse, a Bruna e o Murilo. Existiam os nossos personagens, somente. O que aconteceu naquele palco na sexta não dá pra ser mensurado. A Airen disse que assistir aquilo foi indescritível. Ela não tinha coragem de apagar a luz ao fim da peça, pois queria ficar vendo para sempre. Quando ela desceu da cabine chorando e dizendo que estava completamente apaixonada por nós, acho que finalmente entendemos que sim, a verdade estava o tempo todo ali, dentro de nós.

Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo (68)

Diretora orgulhosa jogando beijinhos  da cabine para os seus “filhotes”.

Depois, descobrimos que tinha simplesmente 120 pessoas naquele teatro para nos assistir. Nossa peça termina com o elenco virado de costas. Ouvimos o rompante de palmas e viramos pra frente. Ver aquele teatro lotado com tanta gente nos aplaudindo de pé foi maravilhoso. Mas não tão maravilhoso quanto ouvir os soluços do público enquanto nos apresentávamos. Alô, era um senhor drama! Tenso, denso e extremamente bem organizado. Coisas de Airen. Ver que estávamos fazendo direito foi inebriante. Chorou até quem prometeu que não ia chorar.

O sábado fez jus à lenda de que segundo dia é ruim. Foi ruim. Saímos chateados, mas a Airen disse que nós exageramos e cortamos os pulsos com muita facilidade. No domingo foi bom, mas nunca, nunca é como na estreia. Além disso, domingo foi a banca, que foi uma delícia. Quase 2h. Resolveram fazer em ordem alfabética, eu quase enfartei, mas aí a Sônia, professora da qual eu estava morrendo de medo, me emocionou. Disse que quando eu levantei e comecei a dar o texto ela percebeu o quanto eu me apaixonei pelo que estava fazendo, o quanto me envolvi, estudei, e resolvi que ia fazer direito. “Falhas existem, menina. Mas é lindo ver uma atriz tão jovem mergulhar tanto assim. Parabéns”. Segura as lágrimas, Ana Luísa. Com a Airen dizendo: “E como ela se envolveu!”, com aquele sorrisinho e a piscadinha cúmplice de sempre então, impossível. Passou. A peça inteira foi muito elogiada, desde cenário, iluminação, texto, até a perspicácia da diretora em dar para cada um exatamente o papel que cada um deveria fazer.

Nessa terça, último dia. Não só lotamos o teatro como nunca parava de entrar gente. Quando pensávamos que tinha acabado, aparecia alguém trazendo cadeiras a mais. Isso se deve a um nome no cartaz da peça: Airen Wormhoudt. Porque gente, Airen é um mito. A Ju definiu muito bem! Mas sendo a nossa digníssima professora um mito ou não, tinha muita gente naquele teatro. Gente que, mais uma vez, saiu chorando, fazendo questão de vir nos abraçar no palco, e falar o quanto tinha se emocionado. Foi o último dia. O muro saiu completamente torto. Mas foi o dia em que nos abraçamos, guardamos nossos tijolos, entregamos presentes, cartinhas, e saímos todos juntos, e mais um pedaço do público, pra um barzinho delicioso comemorar. Comemorar a nossa arte, comemorar o nosso brilho, comemorar o nosso amor, a nossa paixão. Ah sim, a paixão. Isso foi comentando pelo público em todos os dias, e foi muito frisado na banca, pelo diretor da escola: “É impressionante ver um elenco de 13 pessoas tão apaixonadas pelo que estavam fazendo. Os olhos de vocês brilhavam no palco, vocês realmente estavam entregues àquilo. Isso é muito bonito.” Sim. Pode ter faltado qualquer coisa no nosso trabalho. Mas paixão, ah não. Essa esteve presente em cada segundo. E ainda está. A paixão é o que fica. Muito além das fotos e lembranças incríveis. Que semestre maravilhoso.

Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo (133)

- Seu coração é um tijolo!

- Mas ele bate por você.

Ah, e claro. Intensidade é intensidade! Com uma união incrível, uma diretora fantástica, um texto maravilhoso e um público lotado, é claro que essa foto tinha que aparecer no post. É óbvio que foi sem querer (e não, não fui eu que derrubei), mas…

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Brindar é para fracos. Nós comemoramos arremessando a garrafa de whisky cênico no chão.

PS1: Fotos 1 e 2 tiradas pela nossa fotógrafa e amiga linda, Éri Buhrer.

PS2: Não, ainda não acabou. Falta o post de homenagem pra Airen e a carta para a Clara. Porque né, ela foi muito mais que um personagem durante esses 4 meses.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Galharufas.

Eu tinha aula com um professor incrível, e ele um dia disse que precisávamos de galharufas. Galharufas são amuletos. Mas não são amuletos quaisquer, como uma calcinha especial que você só usa em estreias. Não. Galharufas são um amuleto especial, que só pode ter sido presenteada por alguém que tem paixão pelo que faz. Então, hoje, vocês serão presenteados por mim com galharufas. Porque vocês são apaixonantes, e eu tenho muita paixão pelo que faço. Elas passaram o dia inteiro comigo, então, estão com a minha energia.” Airen Wormhoudt.

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E depois de falar isso, ela ergueu  a manga da blusa, e lá estavam. Brilhando.  Nossas 13 belas galharufas. Ela entregou uma a uma, e tinha escolhido a cor que combinasse, com cada um de nós. Quando eu peguei a minha na minha mão, senti a energia. Coloquei no pulso, e agora, ela vai andar comigo. Vai subir no palco comigo. Vai me mostrar o tempo todo que é preciso paixão e boas energias, nunca vai me deixar esquecer disso. Se mesmo assim eu teimar em esquecer, ela vai estar ali, para que eu me lembre. Vai me lembrar também que tudo é possível. E que quando eu ficar estressada, ou desesperada, ela vai continuar ali. Brilhando no meu pulso. Minha bela galharufa lilás.

Quando eu perguntei se poderia falar delas no blog, a Airen respondeu que sim, se eu desse o devido respeito e dignidade que elas merecem. Bom. Ela está aqui, no meu braço. E a cada linha que escrevo, olho pra ela de volta. E sinto o efeito que ela tem. É mágico. Eu nunca seria capaz de dar menos respeito e dignidade a algo tão importante! E é por isso que o diário de hoje é bem pequenininho. Aliás. Ele parece pequeno, mas é enormemente significativo. Assim como minha bela galharufa lilás.

O ensaio foi bom, ninguém se estressou, a gente se abraçou várias vezes. De tarde, eu havia dito pra Airen que esperava ansiosa pelo título do próximo post. Ela disse que seria livre. Espertinha. Bem sabia ela que, é claro, o post já tinha título definidíssimo. E estava ali, no braço dela, aprendendo a refletir toda essa energia maravilhosa, e assim, começar a trazer paixão para os nossos braços, mente, e coração.

Esse é o primeiro semestre que eu entrego galharufas. Escolhi para vocês pequenos diamantes, porque vocês são minha paixão.” Airen Wormhoudt.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O semestre do bico

Bom, o relato de hoje na verdade começa onde termina o passado. Tia Airen terminou a aula dos tijolos avisando que no ensaio de hoje ela não poderia ficar o tempo todo conosco, pois precisava assistir duas peças. Quase nem é disputada, essa nossa diretora. Ela avisou que era para ensaiarmos bonitinhos, e frisou bastante o fato de que deveríamos nos controlar para não nos estressarmos mais. Ela disse que estava vendo uma panela de pressão latente, que poderia explodir a qualquer instante, e jogaria um trabalho de 6 meses no ralo. Eu meio que me assustei com o tom de voz que ela usou. Era de preocupação. Mas pensei: Eu estou livre disso, imagina que vou me estressar né? E aí sambei na cara do perigo rodei a saia do vestido e saí saltitando pro outro lado da sala. (Sim, eu sou uma BOBA alegre às vezes.)

Ah, claro, eu também voltei do ensaio de ontem saltitando, porque tia Airen disse que eu estava acertando o olhar. Pensem em alguém com a consciência leve. Era eu ontem. Porque, assim, eu morro de medo de encarar público. Transmitir as emoções no olho então? Pânico. Mas quem foi que disse que seria fácil? Não, não é. Mas ontem eu tinha conseguido. Acho que sustentei a Clara no olho sem desviar despropositadamente nenhuma vez.

Enfim, deu pra perceber que eu saí feliz, saltando, abraçando, e dizendo que IMAGINE que EU ia me estressar no teatro.

Preciso relatar mesmo o começo das cenas do capítulo de hoje? Não né, vocês já adivinharam. Começamos o ensaio de hoje com a Airen na sala. Ela mudou uma marcação e eu já sei que vou apanhar para conseguir fazer. Hoje, não saiu. Não consegui fazer DE JEITO nenhum. Sentia meu rosto queimar, roxo de vergonha, e aí ficava com ainda mais vergonha por não estar conseguindo fazer. Foi minha primeira pontada de stress. Eu ignorei.

Tia Airen saiu da sala, e começamos a ensaiar o resto. Não consegui me concentrar, o que não foi exclusividade minha. Ninguém parecia em sintonia com o ensaio. Mas eu não estou na cabeça de ninguém, já me basta a minha. Tentei, tentei, e tentei, e nada. Os sorrisos saíam falsos, os suspiros forçados, a falta da aliança no dedo não dava vazio, e nem Mr. Darcy e Elizabeth conseguiram fazer a Clara aparecer. Foi a segunda pontada de stress. Ignorei.

Na hora da minha cena, pra completar, eu pisei em um tijolo ao invés de pisar no chão, o que fez com que eu me desequilibrasse do salto, agarrasse a cabeça da Luana para não cair, e nem preciso dizer que depois disso tudo desandou de vez. Algumas pessoas sugeriram que eu deveria trocar o sapato, pois não estava conseguindo andar com firmeza. Foi a terceira pontada. Minha cabeça insistiu em ignorar, mas meu corpo não deu a mínima para o que a cabeça pensava. O que aconteceu? Aconteceu que eu, que ando de salto desde os 15, simplesmente não conseguia ficar de pé em cima do sapato. Comecei a tremer, trocar os pés, balançar, enfim, SINISTRO.

Esses foram os MEUS enroscos. Cada um teve os seus, a ponto de que quando a Airen chegou na sala, ela nem precisou ouvir nossa voz. Simplesmente sentou e falou: Comecem a falar.

É claro que ela sabia que a panela de pressão estava estourando. Estava todo mundo de bico, ao seu modo. A Elo com o seu, que é clássico. A Iva com o dela. O meu na verdade se transforma em ruguinhas de preocupação no meio da testa. A tia Airen insistia para que falássemos, a tia Cynthia (a fono!) querendo o mesmo. E então a Airen falou: “Parem de bico gente! Esse é o semestre do bico! Aninha, próximo post: O semestre do bico!”

Aí começaram a falar, e falar coisas que tinham dado errado, e coisas do gênero. Aí chegaram no ponto onde eu não segurei o olhar da Clara, e que a intenção estava errada pois ela estava mau-humorada. A Airen disse: “Não é assim, ela sempre dá sorrisão!” E olhou pra mim. E eu só consegui dizer, olhando pra baixo: “Não saiu sorrisão hoje não.”

Não lembro direito do que falaram depois, mas, gracias, ela resolveu parar a conversa. Foi a minha quarta pontada de stress né? É. Aí eu resolvi ouvir a pontada. Abaixei a cabeça, e começaram a mandar eu respirar. Eu respirei bem fundo, levantei, e estava tentando me distrair mostrando o vestido pra tia Cynthia. Mas é claro que a Airen sabia que se continuasse assim não ia prestar, e então ela me abraçou e disse para eu colocar todo o stress nas costas dela. Acho que apertei um pouquinho, mas faz parte. Fiquei ali, respirando, e tentando entender porque diabos eu tinha ficado tão estressada. Depois de um tempo, nos desabraçamos, ela perguntou se eu estava melhor, eu disse que mais ou menos, mas que não era nada que abraços, travesseiros e um texto no blog não resolveriam. Ela me deu um coraçãozinho de presente e falou que era para eu escrever um post de homenagem a ela.

Tia Airen, fala sério. Esse blog esse mês virou quase uma homenagem constante a você. Deve ter seu nome em todos os posts. A Renata até comentou no post passado que precisava falar pra você que fica sabendo de todas as coisas que você fala em cada ensaio. Porque eu não deixo passar uma. Ter aula com você é maravilhoso, e eu passo tudo pra frente, veja. Conto pra todo mundo. É muito bom trabalhar com alguém que não deixa a aula começar nem terminar sem abraços apertados, alguém que aguenta nossas crises de falta-de-crédito-em-nós-mesmos, aguenta nossos bicos e nossas risadas fora de hora. Alguém que se preocupa em achar uma página de um livro para que você leia exatamente aquilo e faça nascer em cena o que aquilo lhe diz. Alguém que no primeiro dia em uma turma nova, onde eu estava prestes a cair em prantos no meio da sala de aula, me deu um milhão de abraços e fez questão de dizer o quanto eu era bem vinda. Resumindo. Tia Airen, querida, todos esses posts sobre  o teatro tem um pouquinho de homenagem a você. Mas prometo. No fim do semestre, quando eu estiver deprimida e morrendo de ciúmes da sua próxima turma, eu faço duas cartas bem caprichadas. Uma à mão, e uma aqui no blog, tá bom?

Ok, esse parágrafo diretamente pra Airen foi um adendo especial. Agora eu vou ser breve. Depois do abraço e do coraçãozinho, eu dei de cara com a Gab, minha professora linda e amada do primeiro semestre. (Não sou puxa-saco gente, juro, mas o nome da escola é Cena Hum. De HUMANA. Os professores são incríveis). A Gab pulou na minha frente na hora certa. É óbvio que eu dei um abração nela também, que olhou bem pra minha cara (ou para a ruguinha no meio da testa) e disse: Senta pra gente conversar. Saí dali ainda mais leve, e com recomendações, que já tratei de começar a cumprir.

Ah tá, antes da Gab, também teve o abração da tia Cynthia, e o da Iva, e aí depois teve o da Rafa, e virou festa. Porque gente! Fala sério! Se as pessoas descobrissem o real poder de um abraço, ninguém fazia mais nada nesse mundo a não ser abraçar. E foi o que eu fiz. Abracei todo mundo. Tinham aqueles dos abraços sérios e apertados, tinham aquelas que pulávamos e rodávamos no abraço, aqueles abraços mais acolhedores, aqueles onde ríamos, e terminou com um tchutchu feito por alguns de nós, super felizes, em volta da Tia Airen e da Tia Cynthia, no MEIO da escola.

Agora, depois desse post GIGANTE, eu pergunto. Tem stress que resista a isso, gente?

Voltamos amanhã com cenas dos próximos capítulos. De preferência com mais abraços, menos stress, e claro, tudo vai depender do título que a Airen decidir que o texto deve ter. Não falei que o blog tinha virado festa?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem precisa de academia?

Primeiro dia da semana de ensaios intensivos! Para dar um panorama geral, já que estou percebendo que isso está virando um diário de bordo da peça (Oi, Lucas Silva e Silva), acho que o ensaio foi muito digno hoje. Escaparam alguns detalhes, houve uns probleminhas com tempo ritmo, eu esqueci uma fala, a culpa é toda da tia Airen, que me mandou abrir o livro bem na parte que o Mr. Darcy e a Elizabeth se declaram e tals, mas tudo contornável, questão de concentração. Espero.

Hoje também foi um dia produtivo pois chegou uma parte essencial do nosso cenário e das nossas ações. Os nossos tijolos! Encomendamos 80, e eles chegaram. Ok, chegaram 76, mas isso a gente resolve até sexta. O que interessa é que era engraçada a cena de nós entrando na escola com pilhas de tijolos nos braços. A blusa ficava toda cor de laranja.

É óbvio que o de menos seria carregar tudo para a sala e tirar o pó da roupa. Essa foi, finalmente, a primeira vez que ensaiamos com os tijolos, sendo que eles são vitais para uma cena em especial. E é mais óbvio ainda que tivemos que testar várias formas da cena funcionar, e errávamos, e repetíamos, e nessa história, pega tijolo dali, leva tijolo pra lá. Foi uma bela musculação. Alguém disse isso. Eu retruquei: Pois é, afinal, quem precisa de academia quando se tem o teatro?

E aí a Airen falou do outro lado: “Quem precisa de academia?”, esse vai ser o próximo post da Aninha.

Isso aqui virou festa já, reparem. Eu já gosto amo ando viciada em falar do teatro aqui, quando alguém sugere então.. =P

tijolos

Vocês acham que vida de artista é mole é?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chegou a semana de falar de amor

Hoje é segunda feira. Pelo menos é o que o relógio diz. Já passou da meia noite. Eu ainda não dormi, mas resolvi que mesmo assim, já é segunda. Se a semana passada foi boa? Ruim? Pra falar a verdade, nem lembro. Tem vezes que as coisas ficam estranhas, e os dias simplesmente passam por nós, sem que os sintamos. Disso, obviamente, só excluo o teatro e os nossos ensaios. Porque é impossível passar ilesa a cada um deles.

Falar de amor sem dizer eu te amo vem sendo, desde março, uma tarefa arduamente deliciosa. Como diz sabiamente a Rafa, alma de artista quando se põe a falar, cala. E é por isso que eu sempre me embanano pra falar disso, e acabo repetindo sempre as mesmas coisas. Mas digamos que vem sendo intenso. Vem arrancando de nós os mais espontâneos sorrisos e choros. Vem arrancando as levitadas nas pontas dos pés, e também os arremessos ruidosos das pétalas das margaridas. Vem nos fazendo enfrentar fantasmas, que muitas vezes não são só dos personagens não. Vem nos fazendo sentir. Cada vez mais.

Esse domingo está terminando torto, apesar de terem acontecidos coisas boas. Eu assisti 5 peças hoje, sendo que uma delas foi um drama, e eu aproveitei pra chorar baixinho na cadeira do teatro. É bom, sabe. Lava a alma. Mas como eu ia dizendo, não me importo com esse domingo terminando torto. Porque ele já terminou. E quem vive de passado é museu. E ai de quem falar que ontem não é passado. Porque é sim. Na minha vida, quem decide o que é passado sou eu.

Voltando à segunda-feira, sim, ela chegou. Segunda-feira. Uma segunda-feira que abre uma semana com ensaios diários, e vai culminar em uma sexta-feira de estreia, seguida de um sábado com a temida segunda apresentação (reza a lenda teatral de que na segunda apresentação tudo dá errado), e logo depois vem o domingo, dia de apresentação avaliada pela banca. Depois do domingo, vem a segunda. Com mais um ensaio, eu espero. E terça, vem a última apresentação.

E aí, o que acontece? Não sei. Foi um semestre maravilhoso. Está sendo. Acho que queria que a terça feira 28 de junho fosse só daqui há 1 ano ou mais. Entrar naquele camarim depois da cena final do dia final acho que vai me deixar parada na frente do espelho, me perguntando “e agora, como faz?”.

Acho que do alto das minhas 4 peças (quase uma Jolie, fala sério!) posso dizer que nunca uma peça mexeu tanto comigo. E acho que talvez, mas só talvez, posso falar que não foi só comigo não. Afinal, não sou só eu que ando sonhando com palco, com a Airen, com as falas. Não sou só eu que já acordo pensando em colocar meu coração aos pés de alguém, e não sou só eu que ensaio minha fala embaixo do chuveiro, banho após banho.

Mas deixa eu parar de me preocupar com algo que ainda não aconteceu. Afinal, deixemos que seja eterno enquanto dure. Que essa semana seja intensa e maravilhosa, a ponto de que terminemos na terça com dor por terminar, mas felizes, abraçados, e com aquela sensação maravilhosa de dever cumprido. E que dever!
Que essa semana seja o ápice de tudo o que sempre foi. De toda a dedicação, de todo o envolvimento, de toda a PAIXÃO! Porque, como diz sabiamente a Airen, sem a paixão nada é possível.

Desejo que essa semana nós consigamos Falar De Amor sem dizer Eu Te Amo como falamos desde o começo. Desejo que consigamos falar melhor que nunca! E que consigamos ser um diferencial na vida de todos os que cruzarem as nossas vidas nessas apresentações. Vamos com tudo, meus amores. Obrigada por tudo, meus amores.

Se não sujar o meu chão

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Faltou falar de você.

Cheguei em junho de 2011, parei para pensar, e descobri que tenho 3 grandes gurus. Tá, talvez guru não seja bem a palavra, mas foi a única que eu consegui pensar. São 3 pessoas que me inspiram, muitas vezes. Em outras, simplesmente colocam em palavras aquilo que eu não consigo dizer. Algumas vezes, me fazem sorrir, por coisas tão belas. Em outras, me fazem expressar aquele olhar de cumplicidade. Em outras, até mesmo chorar.

Reparei também, que coincidentemente, eles se combinam. Um era bem amigo do outro, que era fã de carteirinha da outra, e coisa e tal. Já falei especificamente de Cazuza e de Caio. Portanto, estava em dívida com você, Clarice.

Até o terceiro ano, você era um mero nome no meu livro de literatura. Aliás, me arrependo amargamente de não ter levado muito à sério as aulas de literatura. Não sei se eu estava com a cabeça onde não devia, ou se as professoras não sabiam chamar atenção para aquilo, mas enfim. Não prestei a menor atenção na aula, e ignorei o seu nome nas páginas da apostila.

Lembro que tinha um trecho de um texto seu, no livro. Eu li rapidinho para fazer o exercício, fiz e ignorei. Talvez isso tenha sido bom. Talvez eu ainda não estivesse preparada para te entender.

Um belo dia, não lembro como, eu seguia o twitter de suas frases. Não porque era modinha, juro. Mas porque eu comecei a me identificar realmente com aquilo ali. E então coloquei na cabeça que iria ler um livro seu, e comprei “A Hora da Estrela”. E comprei. E olhei. E acarinhei. Mexi dali, mexi daqui, virei de ponta cabeça, abri. E quando abri, dei de cara com a frase inicial da obra: Tudo no mundo começou com um sim.

Sim. Tudo no mundo começa com um Sim. Que bom que eu disse SIM de vez para você, Clarice. Te ler me faz leve e tensa ao mesmo tempo. Me faz doce e forte, ao mesmo tempo. Me faz pensar e respirar.

Com você eu aprendi que um pesadelo pode não ser tão ruim quanto o fato de que acordar dele pode mostrar uma realidade ainda pior. Aprendi também que podemos ir dormir cansados de tanto chorar, mas que um dia também iremos dormir tão felizes a ponto de mal conseguir fechar os olhos. Aprendi que os melhores ideias são as mais insanas, e os melhores sentimentos são os mais fortes. Aprendi que enquanto houverem perguntas e não houverem respostas, eu posso continuar a escrever.

Por sua causa, coloquei na cabeça de uma vez que por mais que a vida nos faça passar por muita coisa, um dia precisamos levantar a cabeça e estar dispostos a encarar o que quer que venha. E pensar nisso é fantástico, Clarice. Portanto, obrigada.

clariri

Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

domingo, 12 de junho de 2011

“Não é tão simples quanto pensa…

Coração. Palavra pequenina, essa. Órgão pequenino, esse. Que tem que abrigar tantas funções, tantos sentimentos, tantas pessoas.

Biologicamente, sua função é bombear o sangue para o corpo inteiro. Tarefa que, sozinha, já não é simples.

Não contente com isso, lá vem as funções nada biológicas, que sobram todas para o pobre coitado, e então, além de distribuir oxigênio e sangue ele tem que armazenar um pouquinho de cada pessoa que conhecemos e um montão de várias pessoas que amamos. Tem que armazenar memórias felizes, e se inflar com elas. Em contrapartida, cisma em armazenar as não tão felizes, e ficar pequenininho com qualquer menção a elas… Ele também guarda cada cheiro, cada tom de voz, cada letra de música. E quando nós pensamos que nada mais cabe ali, ele nos mostra que sim, ainda cabe muita, muita coisa.

A biologia diz que o coração humano é composto por 4 câmaras. 2 ventrículos e 2 átrios. Hahaha, seria tão fácil se fosse só isso. Não, não é. Ele muitas, muitas partes mais. Mas principalmente, eu diria, ele tem duas. Que se contrabalanceiam.

Uma é aquela que nos deixa desesperados. Rolando na cama, sem conseguir dormir. Aquela parte que dói, e fica nos dizendo que nada mais vai dar certo. E então, quando achamos que não vamos mais conseguir suportar aquela dor, vem a outra parte e grita, ainda mais alto, que ainda tem muita água pra rolar. Que as coisas podem sim, dar certo. Essa parte também é responsável pelas noites maravilhosas, onde rolamos na cama com sorriso nos lábios, e como já dizia Clarice, dormimos tão felizes a ponto de mal conseguir fechar os olhos.

Esse simples órgão, reza a lenda, é responsável por muito, muito mais que bombear nosso sangue. Ele não mantém só o corpo de pé. Ele mantem nossa alma de pé. E é para essa função que eu digo que ele precisa de muito mais força. Porque manter a alma tranquila e de pé, é uma tarefa muito difícil às vezes. Mas que tem recompensas deliciosas.

Tão pequeno e tão poderoso, o tal do coração.

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… Nele cabe o que não cabe na dispensa.”

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vamos todos cantar de coração

Olha, eu continuo sendo a mesma de sempre. Aquela que não liga a mínima pra futebol, e que nunca sabe se entende mesmo o que diabos é a lei do impedimento. Mas hoje, só hoje, eu vou me dar ao direito de ser tiete.

Sou capixaba né. E no Espirito Santo não tem time que preste. Então, os capixabas roubam os times do Rio para viverem sua paixão. Sou fruto do cruzamento de 2 famílias vascaínas. Tenho foto minha com 2 anos usando farda do Vasco. Uma vez, um tio flamenguista colocou em mim uma camisa do flamengo. Na verdade, ele era casado com minha tia, mas para mim vai ser sempre meu tio, anyway. A questão foi que ele me vestiu uma camisa do flamengo. Quando meus pais e meus outros tios viram, me arrancaram do colo deles, tiraram a camisa e queimaram. Reza a lenda de que depois disso eu fiquei doente. A culpa? Da camisa, claro.

E eu cresci assim. Mudei pra São Paulo, meus pais começaram a arrastar sardinha para um tal de Palmeiras.. Minha irmã traidora VIROU palmeirense, e eu continuei sem ligar a mínima pra futebol. Quiseram me presentear com uma camisa do palmeiras, imagine. Não ligo pra futebol, mas se for pra ligar, sou só do Vasco.

E hoje eu cheguei do teatro, me joguei numa poltrona sem nem tomar banho, e fiquei lendo coxa-branca e flamenguista metendo o pau no meu time no twitter. Ok, faz parte. Acontece que esse foi nosso direito de resposta. E hoje, só hoje, eu me dei o direito de pular na sala, xingar, me jogar no chão, rezar para o jogo acabar logo. Me dei o direito de zoar meus amigos do Coxa mandando mensagens, de gritar no facebook, de encher a timeline alheia. Hoje eu me dei o direito de cantar meu saudoso hino vascaíno, me dei o direito de beijar minha cruz de malta, e ainda vou me dar o direito de dar uma última apelada: – Aguentem essa, coxas-brancas e flamenguistas. O “Eterno-vice” agora está com a taça na mão.

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“Tua estrela, na terra  a brilhar,  ilumina o mar”

terça-feira, 7 de junho de 2011

Caixinhas de recordações

Sendo eu uma pessoa que ADORA guardar uma tralha, e arranja uma razão sentimental para não jogar nada fora, nunca, tentem imaginar o tamanho que ia ficar esse vídeo. Pois é. Mas eu resolvi gravar sobre 3 caixinhas, e ignorar as coisas que podem estar espalhadas pelo quarto, ou jogadas nas outras gavetas. Divirtam-se então com meu sotaque bizarro que mistura capixaba com paulista e curitibano, e dêem uma olhada nas minhas doces bugigangas!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vai uma margarida aí?

Para começo de conversa, ou eu apaguei da minha memória, ou eu realmente não fui daquelas menininhas que ficava brincando de bem-me-quer/mal-me-quer com flores. Primeiro porque tenho dó de despetalá-las. Segundo porque não tenho a menor paciência pra isso. Ok, inverta a ordem. Acho que primeiro vem a falta de paciência.

A questão é que a Clara (acho que a essa altura do campeonato a torcida do flamengo inteira já sabe que Clara é a minha personagem na peça) é boba. E gosta de brincar disso. E então, ela brinca disso por 4 cenas. Que são as cenas que vem antes da dela.

Até então eu ficava despetalando vento, mas aí que a peça está chegando e fomos ameaçados convidados a começar a usar, de fato, todos os objetos de cena.

Indo do ponto de ônibus até o meu estágio tem um cemitério, e eu sempre passo por ali, onde tem várias micro-floriculturas. Parei na última delas e perguntei se tinha as tais margaridinhas. E a senhorinha me mostrou toda contente um vasinho cheio delas. Comprei toda feliz, coloquei numa sacolinha e fui andando pela rua com aquele vasinho na mão.

Cheguei no trabalho, coloquei na mesa, e ele ficou ali, cheio de flores cheirosinhas, branquinhas com miolinhos amarelos. Toda hora que eu olhava pra elas eu pensava em como a natureza fazia tudo tão direitinho. Ela são todas iguaizinhas e bem desenhadas!

Aí que eu comecei a me ligar de que eu ia ter que começar a arrancar as pétalas delas no ensaio. Comecei a ficar com dó e resolvi parar de pensar no assunto. Mas elas estavam ali, tão lindas. E tão cheirosinhas.

Comecei a olhar para aqueles miolinhos amarelos, cercados de pequenas pétalas branquinhas e começou a me dar vontade de provar. Sério. Fiquei ali, olhando, e me imaginando mordendo aquelas coisinhas. Que gosto teriam as margaridas então?

Comentei isso com minhas amigas no msn, e virei comentário no twitter. A Renata então quase me fez pagar mico no estágio, porque eu não conseguia me segurar com os comentários dela e acabava deixando escapar uma risada, mesmo que baixinha.

Não gente. Antes que alguém ligue para o hospício, eu NÃO comi as margaridas. Mas que me deu vontade deu. Fui pro teatro toda pimpona com elas no vasinho, exatamente do jeito que estavam quando eu tinha comprado.

Na hora de começar a despetalar, lembrei da Rê (sempre ela né) falando para eu me colocar no lugar delas e imaginando alguém arrancando meus fios de cabelo um a um. Senti a dor na cabeça, abstrai e continuei arrancando pétala. A cena 2 começou a ser marcada novamente do início, o que fez com que eu destruísse quase um jardim só nessa cena.

Quando resolvemos pular para a cena 8, em volta do meu banquinho tinha um monte de fiapinhos brancos, lindinhos, todos iguais. E miolinhos amarelos com cabinhos verdes caídos no meio. O resto do vasinho eu guardei, para usarmos nos próximos ensaios. Agora, fala sério. Quase morri de tédio despetalando margarida. Clara, nós até que somos parecidas, mas brincar de bem-me-quer/mal-me-quer, vamos combinar, é uó.

Ah, para completar a minha vontade de traçar as florezinhas, tem muita gente que, enquanto espera a sua cena, finge que bebe. Alguns champagne, outros whisky. E eu resolvi dar piti: Mas que sacanagem, todo mundo enche a cara e eu tenho que ficar destruindo planta? Ao que a Ju replica: Ué, começa a arrancar as pétalas e comer. Vai por mim, é uma delícia na salada.

Viram? Não sou a única maluca. Um dia eu ainda experimento.

margaridas

Acompanha fritas?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

E só.

fico

Ele abriu os olhos e desarmou o despertador. Esse era aquele dia do calendário em que ele dormira sabendo que não precisaria de barulho nenhum para acordar às 6h da manhã. Um daqueles dias onde ele havia deitado com a certeza de que mal conseguiria dormir. Abriu os olhos. Era 27 de agosto. Mais um dia frio. Mas não era um dia frio comum. Era um dia frio gelado. 4 anos. Há 4 longos anos ela se fora. Uma doença intrometida que tinha se enfiado entre os dois e levado a vida de sua amada em pouco mais de 3 meses.

Fazia 4 anos. Mas a dor ardia como ardia no momento em que o médico colocou a aliança dela em sua mão e disse que tinha feito tudo o que podia. Ardia como se ela tivesse partido ontem. Como se ela tivesse partido a meses. Como se nunca tivesse existido. Ardia porque ela tinha existido. E tinha existido por muito pouco tempo.

Ele levantou, se vestiu, e começou a andar. Já sabia para onde ia, mas não tinha pressa. Queria, mais uma vez, analisar o caminho que analisava todos os anos. O caminho de sua casa até a beira do lago, onde fora seu primeiro beijo. Porque ele considerava que o seu primeiro beijo havia sido o dela. Os anteriores eram somente.. saliva.

Andou e sorriu melancolicamente olhando o jardim com suas flores preferidas. Ela não mais estaria ali para que ele colocasse uma delas em seu cabelo e ela desse aquele sorriso tímido que só ela sabia dar. Lembrou das tantas vezes que tinham vivido essa mesma cena.. Agora o máximo que ele podia fazer ela pegar a flor e levar consigo, imaginando seu sorriso tímido.

4 anos. 4 anos que ela se fora. Perto disso, os 5 que passaram juntos parecia tão, mas tão pouco.. insuficiente, ele tinha certeza. Se conheceram quando tinham 19. Trocaram juras de amor eterno, sonharam juntos com os nomes dos filhos. E então, aos 27, a vida estava bem diferente do que ele tinha imaginado.

Tentava sorrir, mas parecia doer o rosto.. Como ser capaz de sorrir depois que a dona de seus melhores sorrisos não estava mais ali para provocá-los? Chegou ao banco onde tudo tinha acontecido.. sentou.. e ficou observando o lago. E então desenhou de novo cada detalhe de cada cena que tinha sonhado em viver ali. Ela do lado, filhos correndo, flores no cabelo.

Quem sabe um dia isso se realizaria. Os picnics, os filhos correndo.. Jamais as flores, que eram só dela. Jamais os mesmos sorrisos, jamais o mesmo amor. Esse, ele sabia: seria só dela.

Sabia que poderia ter outras. Merecia tentar ser feliz. Já tinha até ficado com algumas, mas sabia muito bem que elas seriam pra sempre “as outras”. Elas poderiam ser legais, talvez até apaixonantes. Mas tinham um defeito gravíssimo. Não eram ela. Jamais seriam. Seu coração sabia, muito bem, que depois dela as outras seriam as outras. E só.